Marcelo Rosenbaum é um arquiteto muito conhecido. Não é para menos. Além de profissional consagrado, trabalhou em um quadro famoso no programa de Luciano Huck e foi apresentador do Decora, exibido no canal GNT da TV a cabo. Sua fama, no entanto, vem se deslocando das telas para ganhar espaço em lugares como o interior do Piauí e a tribo Yawanawá, no Acre.
Desde 2010, Rosenbaun desenvolve um novo conceito de arquitetura e design, no qual trabalha com referência culturais, memórias afetivas e cacos de histórias que, juntos, resultam em um caldo de brasilidade único. Essa inspiração ele vai buscar no que costumar chamar de Brasil profundo, comunidades carentes e afastadas nas quais acabou desenvolvendo o projeto “A Gente Transforma”, e com o qual encontrou sua vocação: desenvolver potencialidades, redescobrir valores escondidos, renovar sentimentos e inovar. Dessa experiência, nascem objetos, joias, plantas de casas e uma nova forma de trabalhar no mercado. Os produtos acabam contribuido para promover um Brasil inovador e sustentável no mundo dos negócios – justamente o mote da campanha Be Brasil.
O Blog da Apex-Brasil aproveitou a passagem de Rosembaum pela sede da Agência para trocar uma palavra rápida e entender que mercado é esse. No bate-papo, ele falou em temas poucos usais: religiosidade, vibração dos objetos e do ato político do consumo. Confira!
Você é arquiteto, antropólogo ou agente social? Eu me considero um designer, mas que trabalha por intermédio dos processos e das relações. Eu, na verdade, desmaterializei o objeto. Comigo, o objeto só serve mesmo para ajudar a conectar os humanos. É como se eu fizesse arquitetura de pontes em outra dimensão. Então eu sou um construtor, um designer do imaterial.
Você fala muito da vibração que os objetos carregam, da história que eles trazem. O que é mais importante? O objeto e sua funcionalidade ou essa vibração ancestral? Uma coisa não existe sem a outra. Tudo tem vibração. O que acontece é que a gente tende a querer desconectar essas duas faces do objeto. O material do espiritual. E isso é impossível. Quando você compra um objeto, você leva junto os saberes que estão embutidos ali. E sua responsabilidade faz parte dessa história. Se você compra um produto que vem da China, fruto de trabalho escravo, que esgota elementos da natureza para ser produzido, que cria tensões, disputas e mortes, você também se torna responsável por essa história. Passa a ser um elemento dessa cadeia.
Falando da atribuição de valores a objetos, você disse que não existe diferença entre uma cesta feita de folha de carnaúba e uma bolsa da Hérmes. Como é isso? A diferença do preço da Hérmes em relação às outras bolsas é baseada na crença. A crença de que se trata de um produto que tem investimento alto, que vem de fora, que tem etiqueta, etc. Se você parar de acreditar que a Hérmes tem o valor que tem, ela não vai mais ter esse valor. Se você olhar para produtos de artesanato, como as bolsas feitas de carnaúba, e acreditar que aquilo não tem valor algum, assim vai ser. Mas se você entender e acreditar que o fato dela fazer parte de uma história centenária, ser feita com produtos nobres da natureza, com técnicas raras e estar carregada de ancestralidade, você vai valorizar mais esse produto. É tudo crença.
Você já falou que a criação é um processo que vem do caos. E também falou que o Brasil é caótico. Então o Brasil seria um país fértil em inovação? É isso mesmo. A relação do brasileiro com o caos se dá por meio da capacidade do improviso, a capacidade de trabalhar com a intuição e criatividade. O Brasil é um país de economia criativa latente e de muito potencial.
Seu projeto trabalha com as capacidades do chamado Brasil profundo. Ele leva dignidade, autoestima e sustento para pessoas que estão fora do mercado de consumo. Também valoriza produtos que não se encaixam na lógica da indústria. Seu projeto não seria um tanto quanto subversivo? O projeto é mesmo disruptivo. A partir do momento que você entende a sua responsabilidade, que você começa a valorizar o seu saber, o seu talento e dom, que você se conecta com o outro, com o ciclo da natureza, entende o valor real das coisas, do impacto do seu produto ou do ato político do seu consumo, aí nos tornamos mesmo vilões de algumas áreas da economia. Mas pare e pense no que será do mundo se todos passarem a consumir como a elite. Você vai entender que esse caminho vai nos levar para o buraco.
Ser inovador é ser disruptivo? Ser inovador é fazer as mesmas coisas de forma diferente. Ser disruptivo é você fazer novas formas serem enxergadas e colocadas no mercado. E é nisso que eu acredito.
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